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Analisamos cursos de pós-graduação no Brasil (Revista Galileu)

Não é segredo para ninguém que o nível de desenvolvimento humano de um país depende necessariamente da qualidade da educação promovida por suas instituições. Mas essa relação fica ainda mais clara quando se realiza uma análise dos números da pós-graduação stricto sensu, ou seja, dos programas de mestrado e doutorado direcionados para aquelas pessoas que já possuem um diploma de graduação e realizam pesquisa acadêmica sobre um assunto específico. Para se ter uma ideia, a Alemanha, com uma taxa de 18,6 doutores a cada mil habitantes, exporta US$ 183,4 bilhões anuais em tecnologia de ponta, enquanto o Brasil, que tem pouco mais de 1,4 doutor a cada mil habitantes, exporta apenas US$ 8,8 bilhões.

Conhecimento, nesse caso, representa poder e dinheiro.
 
LÁ EMBAIXO

Número de títulos de doutor concedidos por milhão de habitantes coloca países desenvolvidos na liderança

Baseado em dados de 2010 (Foto: gabriela oliveira)

Mas, se o número de mestres e doutores brasileiros ainda é insuficiente quando comparado ao de outras potências globais, houve avanços nos últimos anos, especialmente com a criação de novas universidades federais e cursos de pós-graduação stricto sensu nas instituições particulares de ensino.

Em 1998, foram concedidos 16 266 títulos de mestre e de doutor no país; em 15 anos, essa cifra superou os 50 mil títulos. “Com a Embrapa, houve um grande investimento em pesquisas relacionadas ao agronegócio, fazendo do Brasil o maior produtor de carne, soja e cítricos do mundo. Com a Embraer, o país investiu também no setor aeroespacial, e hoje é um dos líderes mundiais da área”, afirma Antonio Freitas, pró-reitor de ensino, pesquisa e graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
 
O número de cursos de mestrado e doutorado mais que dobrou em 13 anos: se em 2000 havia 1439 programas disponíveis, em 2013 esse número saltou para 3486. Ainda assim, de acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a quantidade não está necessariamente relacionada à qualidade. 
 
O órgão, vinculado ao Ministério da Educação, é responsável por fazer uma avaliação periódica dos cursos de pós-graduação stricto sensu no país, a partir de requisitos como qualidade do corpo docente, produção intelectual, relevância das teses e dissertações e inserção social. Os últimos dados divulgados pela Capes indicam que apenas 145 programas receberam conceito sete, a maior nota oferecida pela instituição. Cursos que recebem conceitos um e dois não podem abrir novas turmas de pós-graduação.

QUANTIDADE É QUALIDADE?

Em todas as áreas do conhecimento, programas de pós-graduação cresceram durante os últimos anos

(Foto: gabriela oliveira) (FOTO: GABRIELA OLIVEIRA)

Além do desafio de melhorar a qualidade dos cursos, a desigualdade na distribuição geográfica de professores e estudantes de pós-graduação ainda persiste no país. Em 1998, Acre, Amapá, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins não tinham sequer um programa de mestrado ou doutorado disponível para a população. Hoje, todos os estados do país contam com programas stricto sensu, ainda que de maneira desproporcional: a soma do número de professores de pós-graduação das re­giões norte e nordeste — 17 378 — ainda é menor que a do estado de São Paulo, que tem 20 961 desses profissionais.

Não por acaso, o desenvolvimento educacional se reflete diretamente em indicadores sociais. O Distrito Federal, a unidade da federação com maior índice de desenvolvimento humano (IDH), de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), tem também a proporção mais alta de doutores do país, com 111,2 titulados por 100 mil habitantes. Quando se pensa em crescimento econômico e melhora das condições de vida da população, formar mestres e doutores ganha importância estratégica. “Sem pesquisadores qualificados, não seria possível montar uma fábrica como a da Jeep em Goiana, Pernambuco”, diz Freitas. “Aquele pessoal que trabalhava em canaviais, por meio da educação, aprendeu a usar máquinas sofisticadas.” Se o governo federal carrega o lema de “pátria educadora”, nunca é demais relembrar dados como esses, não é mesmo?

DIPLOMA DESIGUAL

Mestres e doutores se concentram nas regiões Sul e Sudeste do país

Calculados a partir de dados do CNPq, com base no censo 2010, fontes IBGE, Banco Mundial e CAPES (Foto: gabriela oliveira)CALCULADOS A PARTIR DE DADOS DO CNPQ, COM BASE NO CENSO 2010, FONTES IBGE, BANCO MUNDIAL E CAPES (FOTO: GABRIELA OLIVEIRA)

A MINHA É FEDERAL

Universidades públicas federais dominam a oferta de cursos para mestrado e doutorado

(Foto: gabriela oliveira) (FOTO: GABRIELA OLIVEIRA)

PARIDADE NA PESQUISA

O número de mulheres que fizeram mestrado é maior, mas ainda há mais homens com doutorado

(Foto: gabriela oliveira) (FOTO: GABRIELA OLIVEIRA)

LATO SENSU > “Sentido amplo” em latim, inclui programas de especialização para os que já têm diploma de graduação. O curso deve ter duração mínima de 360 horas e oferece um certificado de conclusão.
STRICTO SENSU > “Sentido específico” em latim, diz respeito aos programas de mestrado e doutorado que oferecem diploma de titulação ao estudante após a defesa de sua pesquisa para uma banca pública.
MBA >Do inglês Master Business Administration (ou “mestrado em administração de negócios”), o curso não faz parte do mestrado, como seu nome sugere, mas é uma pós-graduação lato sensu com temas ligados à área de administração de empresas.
MESTRADO PROFISSIONAL > Esse tipo de curso se inclui entre os de mestrado stricto sensu e promove a formação de profissionais que desempenham atividades técnico-científicas de alto nível em diferentes áreas do conhecimento.
DOUTORADO SANDUÍCHE > Programa que oferece bolsas de estudos para doutorandos brasileiros visando à realização de pesquisas em instituições internacionais.
 
ESTUDE E GANHE POUCO DINHEIRO

Os estudantes que desejam iniciar um curso de pós-graduação stricto sensu podem concorrer a bolsas de estudos oferecidas por agências de fomento à pesquisa, como a Capes e o CNPq, e fundações estaduais, como a paulista Fapesp. O valor desse apoio para os pesquisadores, no entanto, ainda é baixo: o CNPq, por exemplo, oferece R$ 1500 por mês para mestrandos e R$ 2200 para doutorandos. As agências também oferecem bolsas para pós-doutorandos, profissionais que continuam a produzir pesquisas após a conclusão do doutorado.

 EU ME FORMEI. E AGORA?

A carreira acadêmica no ensino público é a principal ocupação dos profissionais que concluíram o mestrado ou o doutrado

(FOTO: GABRIELA OLIVEIRA)

Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Multimidia/Infograficos/noticia/2015/06/analisamos-os-cursos-de-pos-graduacao-no-brasil2.html

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